domingo, 20 de janeiro de 2013

Impressionismo: Paris e a modernidade

 

Nos dias 12 e 13 de janeiro o Centro Cultural Banco do Brasil do Rio de Janeiro realizou o último "viradão", a grande última oportunidade de ver obras impressionistas que nunca haviam estado no país ou que retornavam depois de quase duas décadas. Eu estava lá e depois de 9 horas na fila, consegui entrar no espaço reservado às obras, 12:06, já no dia 13, no último dia. Saí cansada e faminta. Mas com o espírito renovado, radiante.


A exposição Impressionismo: Paris e a Modernidade, Obras Primas do Acervo do Museu d’Orsay de Paris, França no Rio foi, de forma geral, um evento grandioso: 85 quadros, 47 artistas, 1 mês de reforma no CCBB ao custo de 11milhões, 2 anos de negociações, 10 meses de logística e mais de 200 profissionais.

A curadoria foi feita pelo próprio museu dono das obras, o Musée d'Orsay: Accueil. No saguão havia cenários com fotos do museu que abriga as obras para nos sentirmos lá e um real tocador de pífano. Nas salas de exposição a cenografia era semelhante ao museu também. E do lado de fora segurança e organização nas filas de centenas de metros.

Não há comparação entre reproduções e as obras originais. Tudo era luz e cor, tudo era vida naqueles quadros. Pessoas vivendo e sentindo, o cotidiano acontecendo. Aqui, uma fotogaleria dos quadros e aqui outra, da exposição, para se ter uma ideia do que vi.

Aqui você pode ver um catálogo feito por um visitante da exposição em São Paulo com as 85 obras, excelente. E você pode comprar o que foi publicado pelo próprio CCBB e é lindo.

Capa do catálogo vendido pela Travessa

Estes foram os que mais me emocionaram:

Colheita
Charles François Daubgny
1851


O Lago das Ninféias, Harmonia Verde
Claude Monet
1899

Neste mal pude me mover para não incomodar a moça:

Lavadeira
Paul Guigon
1860

E estes os que eu mais queria ver:


Mulher com Boá Preto                                                                  A Mulher de Luvas
Henri de Toulouse-Lautrec                                                        Henri de Toulouse-Lautrec
1892                                                                                         1890

Anacronismo

Recomendo a leitura da entrevista completa, mas este trecho já nos provoca a refletir com urgência sobre a abordagem sociolinguística. 
Entrevista com Marcos Bagno, autor do livro: Gramática Pedagógica do Português Brasileiro, Parábola Editorial 
Pode parecer inacreditável, mas muitas das prescrições da pedagogia tradicional de língua até hoje se baseiam nos usos que os escritores portugueses do século XIX faziam da língua.(...)Temos de um lado uma norma-padrão extremamente conservadora e anacrônica, que não se inspira em nenhum uso real contemporâneo. Do outro temos um conjunto de variedades urbanas prestigiadas que são, de fato, a norma empregada pelos brasileiros que tiveram acesso a uma boa educação e ocupam os postos privilegiados da sociedade. Assim, se é para ensinar alguma norma de prestígio, que seja pelo menos essa norma real, viva, que circula em nossa sociedade. (...) O trabalho de educação linguística consiste portanto em revelar aos aprendizes a existência de outros modos de falar e de escrever, diferentes daqueles que eles já trazem de sua vivência familiar e comunitária. A escola tem como função ampliar o repertório linguístico dos estudantes, principalmente pela inserção deles no mundo da cultura letrada. Ensinar a ler e a escrever é a tarefa número um da educação linguística.

Imagem retirada do mesmo site da entrevista

O alunão

Encontrei este texto de título curioso acompanhado de um comentário no site De Rerum Natura. A postagem se chamava "Os miúdos são capazes, parafraseando o texto comentado.

Me perguntei: qual a necessidade de se dizer que os alunos são capazes? Então lendo me lembrei que dentro do sistema, velada ou abertamente, logo se tira o direito de alguns ao menos tentarem, logo sendo tachados de fracassados.

O fracasso previsto de um aluno não se concretiza assim desta forma? Se tudo na vida está contra ele a escola será mais um fator a contribuir com este fracasso?

A escola não pode intervir, considerando-se todas as esferas da educação, com disponibilidade de espaço e materiais, para ao menos tentar esta tragédia antes de descartar os alunos?

Então, para que serve a escola senão para mudar a vida pelo conhecimento? Ela realmente vai assumir uma postura de rotuladora, de distribuidora de conceitos e diplomas?

José Morgado ironiza este descarte prévio do aluno. Mas não fazendo deboche e sim mostrando que não podemos brincar com este assunto.